Samarcanda, Uzbequistão
Depois de Tashkent, no Uzbequistão (tema do primeiro post), nossa próxima parada foi Samarcanda. Notável por sua posição no centro da Rota Seda, a capital do império de Tamerlão é hoje a terceira maior cidade do país e está listada desde 2001 como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A viagem durou pouco mais de 4h e transcorreu tranquilamente por uma estrada razoável. Como entretenimento, algumas piadas e curiosidades contadas pelo Bek, nosso guia. O ônibus era confortável o bastante para garantir um bom cochilo. A paisagem ao longo estrada era típica das estepes, com vegetação rasteira, poucas árvores e alguns arbustos.
Paramos apenas uma vez para esticar pernas, ir ao banheiro e comprar algumas frutas. A propósito, no Uzbequistão é bem fácil encontrar frutas frescas e secas, além de oleaginosas como pistache. Tâmaras e melões secos foram os meus preferidos durante a viagem. Tudo bem baratinho, mas é sempre importante o cuidado de higienizar corretamente as frutas frescas em qualquer país.
Chegada e primeiro dia
Já na cidade, fomos direto ao Hotel Registan Plaza.

Hotel Registan Plaza.
Se não me engano, nem tive tempo de fazer o rolé de reconhecimento nas redondezas do hotel. Saímos para almoçar um tradicional plov e já zarpamos para a primeira parte da excursão: o Registan, um complexo com três madrassas de períodos diferentes, essa praça foi o centro de Samarcanda na época da dinastia Timúrida, onde as pessoas iam ouvir proclamações oficiais e ver execuções públicas.

Registan, um complexo de três madrassas.
Dentro das madrassas, muitas lojas e pouco acesso ao prédios como um todo. Um dos colegas arriscou uma subida semiclandestina a um dos minaretes e deu certo. Foi acompanhado de um segurança do local e tudo.

Antigas salas de aula foram convertidas em lojas turísticas.

Esse senhor escreve qualquer frase em farsi e outras línguas; boa parte dos pedidos era para nomes.

Dentro e fora dos locais turísticos, mulheres de diferentes idades preferiam vestidos extremamente estampados e coloridos.

Dentro e fora dos locais turísticos, mulheres de diferentes idades preferiam vestidos extremamente estampados e coloridos.
O passeio terminou no final da tarde, então resolvemos descansar à noite, dar notícias aos pais e aproveitar um pouco a estrutura do hotel. Alguns companheiros da excursão saíram. O passeio envolveu a ida um bar literalmente underground, com direito a coreografia da música ‘Baile dos Passarinhos’ para pedir um frango frito. Nessas horas que me arrependo de não fazer um esforço extra para sair com a galera .
Segundo dia
Começamos o passeio com uma parada numa praça com uma estátua de Tamerlão. Aqui, nosso guia começou a contar mais detalhes sobre a ascensão do líder turco-mongol, começando pelas suas primeiras batalhas ainda como líder uma tribo nômade. Uma pequena introdução do que estava por vir…
A primeira grande atração foi simplesmente o mausoléu de Amir Timur. Nessa tumba estão o seu túmulo, de dois dos seus filhos e de dois netos, inclusive o de Ulugh Beg, reconhecido astrônomo e matemático de sua época. É uma obra muito importante por ser considerada como marco inicial do estilo arquitetônico do império Mugal indiano, descendente direto da dinastia Timúrida e famoso por construir o Taj Mahal.

Mausoléu de Amir Timur.

Mausoléu de Amir Timur.

Mausoléu de Amir Timur.

Mausoléu de Amir Timur.
Depois da visita, fomos novamente à área da praça do Registan e iniciamos uma caminhada para a mesquita Bibi-Khanum. No caminho, muitas paradas para fotografar a vida local e, claro, presenciar um outro casamento em área pública, próximo da mesquita.

Cotidiano de Samarcanda.

Cotidiano de Samarcanda.

Cotidiano de Samarcanda.

Cotidiano de Samarcanda.

Cotidiano de Samarcanda.
Originalmente inaugurada em 1404, a mesquita Bibi-Khanum caiu em desuso ao poucos, até que foi parcialmente destruída durante um terremoto em 1897. O prédio de hoje é efetivamente uma construção nova, pois nada mais resta do trabalho original. Quando a visitamos, a câmara central ainda estava em construção.

Mesquita Bibi-Khanum.
Nesse local, nosso guia contou uma suposta origem para o uso forçado da burca: o arquiteto da madrassa e da mesquita encomendadas por Saray Mulk Khanum, esposa do imperador, apaixonou-se por ela. Furioso pela afronta, Timur ordenou que o arquiteto fosse jogado do alto do minarete em construção e decretou que todas as mulheres casadas cobrissem o rosto em público. Curiosamente, a maioria das mulheres uzbeques usa apenas um lenço colorido para cobrir os cabelos; algumas, nem isso. A burca foi abolida aos poucos a partir da revolução soviética em 1910.
Terminamos o passeio da manhã no Bazar Siyob, o maior mercado de Samarcanda, que se mantém no mesmo lugar desde que foi criado há mais ou menos 600 anos. Um lugar muito útil para reforçar a lancheira e provar o tradicional pão local, o naan.

Vendedor de naan.

Vendedora de pistache, de temperos e de frutas secas.

Mais vendedoras em ação.
Depois do almoço, fomos ao complexo Shah-i-Zinda (O Rei Vivo), uma necrópole que abriga vários mausoléus e outros prédios construídos entre os séculos XI e XV. Foi reformado várias vezes entre os séculos XVI e XIX sem grandes modificações. Entre as tumbas inseridas no complexo estão as de parentes e de capitães de Tamerlão. Para mim, o ponto alto da visita a Samarcanda. Um local historicamente importante, muito bonito e conservado.

Complexo Shah-i-Zinda (O Rei Vivo).

Complexo Shah-i-Zinda (O Rei Vivo).

Complexo Shah-i-Zinda (O Rei Vivo).

Interior de uma das tumbas no complexo Shah-i-Zinda (O Rei Vivo).
Finalizamos o dia no observatório de Ulugh Beg, neto de Tamerlão, que foi destruído por fanáticos religiosos no século XV e redescoberto por um arqueólogo uzbeque-russo no início do século XX. Hoje, temos acesso apenas a uma trincheira com um arco de 11 metros de comprimento, usado como uma sextante para definir o meio-dia. O resto da edificação permanece sob o solo para protegê-lo de terremotos. O complexo abriga um pequeno museu e também é muito usado para casamentos por conta do paisagismo.

Observatório de Ulugh Beg.

Entrada para a trincheira com o sextante no observatório de Ulugh Beg.

O senhor de azul escuro concedeu permissão para a foto se eu tirasse uma com ele também.
A excursão oficial terminou aqui, mas ainda havia um tempinho de luz para visitar o mausoléu Rukhobod, próximo do hotel, e ver um rachão de futebol na rua.

Mausoléu Rukhobod.

Mausoléu Rukhobod.

Pelada na rua de Samarcanda.

Animados jogadores-mirins.

Animados jogadores-mirins.

Animados jogadores-mirins.
Terceiro dia
Foi livre e aproveitei para descansar. Revendo minhas fotos e anotações, pergunto-me o que eu tinha na cabeça para não ter voltado ao complexo Shah-i-Zinda! 🙁
E assim terminou nossa visita a Samarcanda que, ao final da viagem, revelou-se a cidade com maior importância histórica de todas que visitamos. Preste atenção ao seu guia, caso tenha um.
(Texto e fotos: Bernardo A. B. de Lima)
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